REFLEXÃO-NA-AÇÃO E MODELAGEM MATEMÁTICA
O processo de mudança pelo qual passa a escola e a sociedade tem seus objetivos voltados a uma aprendizagem totalizadora, visando o desenvolvimento integral do aluno e a diversidade de informações, investindo na formação de um cidadão não somente preocupado com a comprovação de resultados mas, na busca incessante de caminhos para intervir no processo.
Neste processo ganha destaque o “aluno reflexivo”, como aquele que reflete sobre o que faz (a sua atividade) e o é como aprendiz (a sua função).
Para Donzele (2004), a capacidade de reflexão do aluno leva à capacidade de autonomização. A autonomia deve, segundo o autor, ser entendida como a dimensão de liberdade, em que esta é tida como responsabilidade e capacidade de tomar decisões certas no momento certo.
No entanto, o pensamento reflexivo é uma capacidade e como tal, pode não surgir espontaneamente mas, seu desenvolvimento precisa ser estimulado.
Portanto é necessário que a escola, a aula (de Matemática) dê espaço ao aluno para desenvolver sua capacidade de reflexão. Neste sentido percebemos a modelagem matemática como uma estratégia importante para as aulas de Matemática.
De fato, uma modelagem matemática eficiente permite analisar e explicar um problema e tomar decisões sobre o mesmo. Coletar informações, formular hipóteses e testá-las, obter modelos e validá-los (ou não) para determinada situação, além de tornar a matemática escolar mais interessante, oportuniza ao aluno o processo de reflexão-na-ação. Esta reflexão faz com que o aluno compreenda a sua ação, reorganize ou aprofunde o seu conhecimento acerca do problema em estudo e, interagindo os conhecimentos construídos, desenvolve sua competência profissional futura.
Segundo Schön (2000), quando o futuro profissional reflete-na-ação, em um caso que ele percebe como único, prestando atenção no fenômeno e fazendo vir à tona sua compreensão intuitiva, sua experimentação é, ao mesmo tempo, exploratória, teste de ações e teste de hipóteses.
O estudante, futuro profissional reflexivo, tem condições de estar atento aos padrões de fenômenos, torna-se capaz de descrever o que observa e inclinado a propor modelos ousados e, às vezes, radicalmente simplificados, e, ao mesmo tempo, torna-se engenhoso ao propor formas de testá-los que sejam compatíveis com os limites do ambiente em ação.
Para Schön (2000), para que se construam pontes entre a ciência aplicada e a reflexão-na-ação, a aula deveria tornar-se um espaço onde os profissionais aprendam a refletir sobre suas próprias teorias tácitas a respeito dos fenômenos da prática.
Nesse sentido, a modelagem matemática reorganiza a dinâmica da sala de aula, alterando o foco do trabalho escolar do professor para a unidade aluno-professor.
MODELAGEM MATEMÁTICA EM SALA DE AULA: CONTRIBUIÇÕES PARA COMPETÊNCIA DE REFLETIR-NA-AÇÃO
Reginaldo Fidelis
reginaldo@uel.br
Prof. Dra. Lourdes Maria Werle de Almeida