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Fontes renováveis lideram os investimentos, com destaque para contratação de energia no mercado livre
A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que a capacidade de gerar eletricidade a partir de fontes renováveis vai aumentar nos próximos anos. A projeção é feita com base na tendência que os governos mundiais vêm apresentando para garantir a segurança energética e os benefícios climáticos proporcionados por essas fontes.
Diante da transição global para uma economia de baixo carbono, as fontes renováveis (energias hidrelétrica, eólica e solar) lideram os investimentos, com destaque para a preferência por comprar energia no mercado livre. No ano passado, 48% da energia gerada pelas renováveis foi vendida dessa forma.
Segundo a pesquisa da AIE, em 2021, mesmo em plena pandemia, a capacidade de gerar eletricidade a partir de fontes renováveis atingiu um nível recorde, que deve ser batido no final de 2022.
Até lá, o potencial global de energia renovável deve aumentar para 320 gigawatts (GW), que poderia atender toda a demanda de eletricidade da Alemanha ou se equiparar à geração de eletricidade total da União Europeia a partir de gás natural. Como comparação, em 2021 registrou-se o recorde de 295 GW de capacidade desse tipo de energia.
Conforme a última atualização do mercado de energia renovável, o novo marco superou os desafios da cadeia de suprimentos, altos preços das matérias-primas e atrasos na construção.
Uso de energia renovável aumenta pelo mundo
De acordo com o relatório da AIE, na União Europeia o uso de energia renovável passou de quase 30% para 36% em 2021. A capacidade adicional do uso de fontes renováveis em 2022 e 2023 pode reduzir significativamente a dependência do gás russo no setor de energia.
Conforme comunicado do diretor-executivo da AIE Fatih Birol, para além de sua eficácia na redução de emissões de gases prejudiciais, os desenvolvimentos do mercado de energia nos últimos meses — principalmente na Europa — evidenciam o papel fundamental das energias renováveis na melhoria da segurança energética das nações.
Ele avalia que, para uma implementação mais rápida com o objetivo de enfrentar desafios atuais do mercado e da segurança energética, é preciso reduzir a burocracia e acelerar permissões e fornecimentos de incentivos. Dessa maneira, seria possível alcançar novas metas climáticas internacionais.
Já nos Estados Unidos, fontes energéticas renováveis serão responsáveis por 22% da geração de eletricidade até o final de 2022 e 24% em 2023. A previsão foi feita pela Administração de Informações de Energia (EIA, na sigla em inglês), do Departamento de Energia (DoE) do país.
O relatório aponta que essas fontes foram responsáveis por 20% da eletricidade norte-americana em 2020 e 2021.
Birol avalia que, até 2022, o crescimento de energias renováveis foi mais rápido do que o esperado por ter sido impulsionado por políticas na China, União Europeia e América Latina. As regiões estariam compensando o crescimento um pouco mais lento dos Estados Unidos.
Essa situação ocorre devido às perspectivas estadunidenses obscurecidas pela dúvida em relação a novos incentivos para as energias solar e eólica, além de ações comerciais contra as importações de energia solar fotovoltaica do Sudeste Asiático e da China.
Para a AIE, apesar das incertezas enfrentadas pelos mercados de energia, o foco reforçado dos governos na acessibilidade e na segurança energética cria um impulso das ações para tornar mais rápida a implantação de soluções de eficiência energética e tecnologias de energia renovável, especialmente na Europa.
Matriz elétrica brasileira
De acordo com a Associação Brasileira das Comercializadoras de Energia Elétrica (Abraceel), a matriz elétrica brasileira é composta por 85% de fontes renováveis. Dentre as que geram eletricidade, 65% vêm de hidrelétrica, 10% são provenientes de eólicas, 8% das usinas de cana-de-açúcar e 2% de solares.
Essa matriz é diversificada e complementar. As hidrelétricas perdem água no momento em que ocorre o período da seca, mas a biomassa de cana-de-açúcar compensa parte dessa queda. Já os ventos fazem girar as turbinas das eólicas pela madrugada, enquanto o sol está a pino no horário de maior consumo.
Segundo a Abraceel, até 2025 devem entrar em operação 34,5 GW de capacidade instalada no Brasil. Dois terços desses empreendimentos são direcionados exclusivamente ao mercado livre de energia.
Dos R$ 142 bilhões de investimentos previstos até 2025, 70% desse montante responde ao mercado livre. Esse meio é fundamental para viabilizar o avanço da energia renovável.