Sujeitos líquidos
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2001, p. 255.
Sujeitos líquidos
Querido leitor, preciso iniciar essa nossa conversa com uma frase de Bauman que diz: “Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito para durar”. Corroborando a Bauman (2001) ressalto que de fato; o ser humano, em grande parte, não deseja mais produzir raízes.
Sem dúvida, essa modernidade líquida pela qual confesso vivenciar todos os dias, sobrevive com toda força. Por um lado, ela é boa pelo fato de que: uma oportunidade não aproveitada é uma oportunidade perdida. Ou seja, as pessoas aprendem a aproveitar mais e melhor as oportunidades que a cada um de nós aparecem.
Mas, por outro lado, como foi também demonstrado no vídeo-entrevista de Bauman: Fronteiras do Pensamento, O tempo, embora seja um bem precioso, ele, infelizmente, tende a ser consumido e usufruído com RAPIDEZ. Desse modo, ... ninguém aproveita nada... Tudo é efêmero!
E, diante disso, os sujeitos líquidos dessa modernidade líquida tornam-se cada vez mais solitários, individualistas, ansiosos, tristes, consumistas exacerbados e sobrecarregados em busca de se enquadrar neste sistema imposto pela sociedade líquida e capitalista.
Realmente, essa Modernidade Líquida, não deixa de transparecer sua presença. Ela (a Modernidade Líquida), mantém de fato relações com nossas vivências hoje, ou seja, a cada dia, uma grande maioria, ou todos; tornamo-nos líquidos mesmo que nas pequenas ações.
Para comprovar melhor ainda tais palavras... lembrei-me do episódio: “Nosedive”.
De início quero dizer que nesse episódio... O que ocorre de maneira virtual na vida da personagem Lacie é o que determina como a vida real dela deverá ser. Percebeu, meu caro leitor, tamanha liquidez?!
É, neste episódio percebemos a exposição e o julgamento da vida nas redes sociais, o que não se mostra tão distante de tudo que já vivenciamos hoje, ou seja, é perceptível o expor de basicamente toda a vida nas redes sociais em busca de fama. E, nessa incansável busca por notas admiráveis há também um "querer" por agradar a todos que porventura cruzem seus caminhos e, assim, fingem uma realidade inexistente movida por bons sentimentos. Estão sempre num mover recheado de aparências; pois sorriem não exatamente porque estão felizes e de bem com a vida, mas sim para serem admirados e bem vistos. Com todas essas "realidades" virtuais, o verdadeiro real não mais importa.
Mas, não contarei tudo para que meu leitor possa por si próprio perceber a líquidez real da qual apresenta-se no episódio e na vida dessa nossa modernidade líquida... E aí vamos lá?!.... “Nosedive”.
Por: Aldeneide Araujo – Disciplina EDCA33 – Educação, Comunicações e Tecnologias- 2021.1.
O sujeito contemporâneo na Pandemia do novo Coronavírus: tomando dela as melhores lições
AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo e outros ensaios. Tradução de Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos, 2009. p. 55-74. ARENDT, Hannah.
O sujeito contemporâneo na Pandemia do novo Coronavírus: tomando dela as melhores lições
Quando li o texto “O que é o contemporâneo e outros ensaios” pela milésima vez... aqui vale a hipérbole... minhas reações foram diversas e, por isso, coube-me expressar mais esta... vamos lá!?
Ao ingressar no curso de mestrado em Educação no semestre de 2020.1 surgiram boas expectativas, ótimos planos de vivenciar uma nova realidade. Realidade essa de maneira representativa, no sentido de aproveitar cada segundo, minuto, horas em interação, ensino, grupo de pesquisa e extensão de forma presencial. Tudo naquele doce e saboroso aconchego do convívio de rede universitária que só quem já viveu tem uma maior possibilidade de expressar tamanha beleza!
Mas... chega a pandemia do novo coronavírus e com ela, os sonhos de viver essa vida presencial recheada de calor humano próximo ... tudo foi impedido!
Só mesmo o sujeito que busca ser ou é contemporâneo para suportar... fomos os universitários mestrandos, doutorandos percebendo a sombra do presente, apreendendo sua luz invendável, dividindo e interpolando o tempo, em condições de transformá-lo” tal como nos apresenta Agamben (2009).
A contemporaneidade é uma singular relação com o próprio tempo, que adere a este e, ao mesmo tempo dele toma distância; mais precisamente essa é a relação com o tempo que adere através de uma associação e um anacronismo (AGAMBEN, 2009).
O que fazer então, diante dessa triste e trágica realidade visível? Aderir ao momento atual ou nos distanciar dele? Qual dos caminhos nos fará de fato sermos contemporâneos diante do cenário em que vivemos?
Para responder a esse indagar, tal como diz Agamben, o sujeito contemporâneo é aquele vive o presente, com os olhos voltados ao futuro, sem apagar as marcas do passado. É preciso fitar os olhos nos fatos e nos porquês desses fatos... Percebendo as mudanças ainda que imperceptíveis. Tomando delas as melhores lições no aqui, no agora, no presente, no passado, no futuro, no conjunto dessas relações de tempo.
Por: Aldeneide Araujo – Disciplina EDCA33 – Educação, Comunicações e Tecnologias- 2021.1
Os impactos da Pandemia na Educação pública: Reinvenção ou exclusão?
Educação em tempos de pandemia: reflexões sobre as implicações do isolamento físico imposto pela COVID- 19 / organizadores: Nelson De Luca Pretto, Maria Helena Silveira Bonilla, Ivânia Paula Freitas de Souza Sena. – Salvador: Edição do autor, 2020.
La cruel pedagogía del vírus – Boaventura de Souza Santos y Pablo Gentili- vídeo
Observação: Texto acrescentado, após comentário da professora.
Os impactos da Pandemia na Educação pública: Reinvenção ou exclusão?
Nesse tempo de Pandemia, a Educação tornou-se um dos temas mais abordados; basicamente em todos os telejornais, na própria imprensa televisiva e na boca dos milhões de indivíduos do mundo inteiro. E, para minimizar os efeitos catastróficos do vírus, a solução encontrada foi o ensino remoto! Um ensino onde a sala de aula se altera tomando a forma de uma tela, seja de celular ou de um computador. No entanto, esse ensino remoto é para quem ou de quem? Será mesmo que todos os alunos tiveram as mesmas oportunidades? Ou os estudantes das escolas públicas estão sob as margens do sistema?
O século XXI já estava em diálogo para inserir-se como um período de transformação de paradigmas voltando olhares em prol da inserção de novas tecnologias ou propriamente o uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) em seu contexto educacional. Isso, devido à busca constante pela inserção de um paradigma voltado para uma educação a qual esteja focada na e para a transmissão/ recepção de novos conhecimentos. Uma educação que tenha em si um caráter motivador e recorrente em prol do seu desenvolvimento como ser humano.
Esse novo paradigma propõe “uma visão uniforme que desencadeie uma visão de rede um modelo que interconecte o aluno com vários interferentes, que levariam o estudante a uma aprendizagem efetiva, já que instaurado o processo ele (o aluno) o levaria para toda vida” (BEHRENS, 2005).
Contudo, sob as margens da sociedade elitista estão os filhos da classe emergencial; que como sempre não têm condições de saborear os frutos doces de uma vida digna, é como diz Kabeer (1998):
A pobreza é uma força dinâmica, pois ela libera seu próprio elenco de recursos limitados e práticas opressoras, as quais, por sua vez, criam processos de exclusão e marginalização (KABEER, 1998)
E ainda os autores, Bonilla, Pretto e Sena (2020):
Do ponto de vista das famílias de baixa renda, são muitas as questões postas, destacando-se, para começar, a inexistência de infraestrutura física e de conectividade domiciliar para que qualquer atividade de ensino formal possa acontece (BONILLA, PRETTO, SENA, 2020).
É perceptível que muitos dos estudantes de nossas escolas públicas, embora tenha um aparelho de celular; esses aparelhos não apresentam nenhum plano de dados que seja de fato adequado para o acompanhamento de aulas remotas. Além dessa realidade, estes educando que desde a sua vivência não tiveram oportunidades de um curso de informática, não sabem de forma correta lidar com todos os recursos para uma boa aprendizagem.
Nessa mesma linha, cito mais um exemplo desse caos público:
O Relatório de Monitoramento Global da Educação (Relatório GEM) de 2020 oferece uma análise aprofundada sobre os principais fatores da exclusão de estudantes em sistemas educacionais de todo o mundo, incluindo histórico, identidade e habilidades (ou seja, gênero, idade, local onde vivem, a pobreza, deficiência, etnia, indigeneidade, língua, religião, status de migrantes ou deslocados internos, orientação sexual ou expressão de identidade de gênero, encarceramento, crenças e atitudes). O Relatório identifica um aumento da exclusão durante a pandemia da COVID-19 e estima que cerca de 40% dos países de renda baixa e média-baixa não apoiaram os estudantes desfavorecidos durante o fechamento temporário das escolas.
Diante dessas questões, saliento por aqui que, a reação que se faz presente é: A realidade do ensino remoto é mesmo uma reinvenção ou exclusão? Responder a essa indagação, é perfeitamente possível; isso, porque enquanto os estudantes das escolas públicas estiverem marginalizados dos benefícios tais como: recursos, ambientes propícios para acesso à rede e internet banda larga; é sem dúvida, inexistente citar inclusão. Porque nesse sistema público, o que de verdade se mostra é uma realidade obscurecida nos seus sujeitos; proporcionando-lhes desinteresse, desapego aos estudos e a própria exclusão; não como isolamento, mas sim como cegueira social.
Por: Aldeneide Araujo – Disciplina EDCA33 – Educação, Comunicações e Tecnologias- 2021.1
Que tal ressurgir o Brás Cubas que existe em nós?
AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo e outros ensaios. Tradução de Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos, 2009. p. 55-74. ARENDT, Hannah.
Que tal ressurgir o Brás Cubas que existe em nós?
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; [...]. (ASSIS, 1994 p. 02)
Olá caro leitor,
A pandemia do novo coronavírus trouxe tristeza e tragédia mundial. Mas sem dúvida trouxe também alguns ensinamentos! Veio para ensinar a termos bons hábitos e mais educação. Veio para nos fazermos contemporâneos!
Quando falo de Bons hábitos e educação quero dizer, caro leitor, sobre realidades que se pararmos para refletir e analisar, certamente iremos concordar. Primeira realidade: Quantas vezes, o senhor (a) já se deparou com alguém que ao espirrar, espirrou sem lenço e na direção de outra pessoa? Já se deparou?
Segunda realidade: E presenciou a alguém que ao utilizar o toalete (sanitário), saiu sem lavar as mãos? Lembra?
Terceira realidade: Essa é de arrepiar... lembra desse noticiário: “Uma cobra foi encontrada dentro da geladeira nos legumes” Olhe o site... https://www.campograndenews.com.br/.../professor-encontra...
Professor encontra cobra em alface na hora do jantar Por Luciana Brazil | 28/10/2014 08:51 - CREDITO: CAMPO GRANDE Um professor de Dourados, a 233 quilômetros de Campo Grande, encontrou uma cobra na alface na noite de ontem, quando preparava o jantar em casa. De acordo com Walter Hora, ele, encontrou o animal ao tirar a alface da geladeira. Segundo ele, a hortaliça foi comprada pela esposa, no domingo de manhã, na feira livre do município. Da sacola, a alface, foi direto à geladeira. “Acredito que a cobra só não me atacou porque ela estava com frio”, disse o professor.
Recordou? ...
É caro leitor, triste e trágica pandemia... Fruto de ações. Talvez agora, todos abracem os bons hábitos e a boa educação... Esperamos!
Mas, nossa conversa não termina aqui, vamos adiante?...
O sujeito contemporâneo é aquele vive o presente, com os olhos voltados ao futuro, sem apagar as marcas do passado. É preciso fitar os olhos nos fatos e nos porquês desses fatos... Percebendo as mudanças ainda que imperceptíveis. Tal como disse Agamben (2009): “A contemporaneidade é uma singular relação com o próprio tempo, que adere a este e, ao mesmo tempo dele toma distância; mais precisamente essa é a relação com o tempo que adere através de uma associação e um anacronismo”.
Há um ano estamos mergulhados nessa pandemia, o que fazer afinal? Aderir ao momento atual ou nos distanciar dele? Qual dos caminhos nos fará de fato sermos contemporâneos diante do cenário em que vivemos?
Desse modo, que tal ressurgirmos em nós o Brás Cubas de Machado de Assis nesse tempo de pandemia?! Intitulando-nos um defunto autor e não um autor defunto? Não no sentido de estarmos de fato mortos, mas sim de nos tornarmos - Contemporâneos - abraçando mudanças de atitudes. “(...) percebendo a sombra do presente, apreendendo sua luz invendável, dividindo e interpolando o tempo, em condições de transformá-lo” tal como nos apresenta Agamben (2009).
Inclinei os olhos a uma das vertentes, e contemplei, durante um tempo largo, ao longe, através de um nevoeiro, uma coisa única. Imagina tu, leitor, uma redução dos séculos, [...] Os séculos desfilavam num turbilhão, e, não obstante, porque os olhos do delírio são outros, eu via tudo o que passava diante de mim, — flagelos e delícias, — [...] Meu olhar, enfarado e distraído, viu enfim chegar o século presente, e atrás dele os futuros. [...] Redobrei de atenção; fitei a vista; ia enfim ver o último — o último! Mas então já a rapidez da marcha era tal, que escapava a toda a compreensão; é ao pé dela o relâmpago seria um século. [...] menos o hipopótamo que ali [...] era o meu gato Sultão, que brincava à porta da alcova, com uma bola de papel... (ASSIS, 1994, p. 11-12).
Neste cenário, cabe-nos refletir sobre as nossas atitudes, antes, agora e pós-pandemia, produzindo uma nova realidade, projetando uma nova ação, uma nova postura de vida; um cenário em que de fato sejamos um Brás Cubas, sujeitos contemporâneos e cientes das vicissitudes póstumas ante as nossas ações hoje.
Convido-te a ler: ASSIS, Joaquim Maria Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 18. ed. São Paulo: Ática, 1992.
Por: Aldeneide Araujo – Disciplina EDCA33 – Educação, Comunicações e Tecnologias- 2021.1